Justiça
‘Jovem baleada por policiais, pai diz que não acredita’

Juliana Leite Rangel, médicos confirmam, foi atingida com um tiro na cabeça, especialistas estudam imagens, alta se espera em breve.
Ao serem atingidos, Alexandre e sua família se encontravam em um veículo que transportava sua filha, Juliana Rangel, que é agente comunitária. O ocorrido foi relatado na última quarta-feira, 25, para a Polícia Civil.
De acordo com o relato de Alexandre, os tiros disparados pelos agentes da PRF acertaram o veículo, mas nenhum dos ocupantes foi atingido. O pai de Juliana também informou que a atitude dos policiais foi desproporcional e que não entendem o motivo pelos quais foram alvo de tiros. Alexandre espera que a Polícia Civil e a Justiça esclareçam os fatos e tragam responsabilidade para os agentes envolvidos.
Polícia descontrolada: Família ao volante é atingida por mais de 30 tiros
Alexandre afirma que foram mais de 30 tiros disparados contra a família, a maioria deles acertando o carro. Um deles atingiu a cabeça da filha, Juliana, que precisou ser internada às pressas no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias. A jovem passou por uma cirurgia para a remoção do projétil alojado no crânio, com o quadro sendo considerado ‘gravíssimo’ pela secretaria de saúde local. ‘Eu mal consegui dormir até agora. Passei a madrugada no hospital. Não acredito até hoje. Minha filha está nessa situação. Ela tem 26 anos’, disse Alexandre, em conversa com o Estadão na tarde desta quinta-feira, 26.
‘Eu estou sem chão. Acabou com o Natal da minha família’, relata Alexandre. Ele conta que, antes dos disparos, ele, sua esposa Dayse, Juliana, um filho adolescente e a namorada do filho estavam a caminho de uma ceia de Natal. No trajeto, Alexandre abriu passagem para a viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF), mas os agentes começaram a atirar contra a família sem ordem de parada. ‘Começaram a meter bala. Não deram ordem de parada, não deram nada. Eu percebi que era tiro quando quebrou o estilhaço do carro. Eu pedi para os meus filhos e para a namorada do meu filho adolescente se agacharem e ficarem deitados no assoalho do carro. Eles continuaram metendo tiros, mais de 30. De fuzil, pistola’, diz Alexandre.
A família conseguiu se proteger, mas Alexandre conta que viu muito sangue na camisa do filho adolescente, acreditando que ele havia sido atingido. ‘Eu fui olhar. Vi que tinha acertado a cabeça da Juliana. Tava saindo sangue pra caramba’, lembra. ‘O agente da polícia rodoviária colocou a mão na cabeça, deitou no chão e disse ‘que merda eu fiz, que merda eu fiz?”, acrescenta.
O pai de Juliana também se feriu. Estilhaços de um dos tiros acertaram o seu dedo. Ele recebeu atendimento médico e foi liberado. No entanto, ele afirma que também poderia ser atingido na cabeça, se não tivesse deitado no banco. ‘Depois a perícia viu que tinha marca de dois tiros no encosto de banco. Falaram que eu tive sorte de estar vivo’, disse Alexandre.
Vítima pensou que policiais eram ladrões disfarçadosNa hora dos tiros, Alexandre achou que os policiais eram criminosos disfarçados de agentes da PRF. Ele até ouviu que os disparos foram dados porque seu carro era parecido com o de um suposto veículo que havia atirado anteriormente contra outra viatura da PRF. ‘Eles tinham falado que tinham disparado contra eles, mais atrás. Depois falaram que era outro Siena que tinha disputado e que estava em perseguição. Toda hora contam uma história’, afirmou Alexandre.
‘Ninguém da PRF procurou (para prestar apoio). Ninguém ligou, ninguém falou nada’, disse Alexandre.
Fonte: © Notícias ao Minuto