Justiça
Força Nacional no Rio de Janeiro capta 10 mil maços de cigarros e 1 arma de fogo em um ano

A Força Nacional foi enviada ao estado após a TV Globo mostrar um treinamento armado de traficantes no complexo da Maré, na zona norte, com a presença da Polícia Estadual, Polícia e a Rodoviária Federal, sob o comando do Ministério da Justiça.
A Força Nacional no Rio de Janeiro completou um ano de presença em outubro, com dados de atuação abaixo da expectativa gerada no governo estadual quando do anúncio do envio das tropas. A expectativa montada pelo governo estadual de uma redução significativa na criminalidade não foi cumprida, o que levanta questões sobre a eficácia da Força Nacional em áreas de alta violência.
Os dados mostram que a Força Nacional não conseguiu alcançar o nível de redução na criminalidade que estava sendo esperado. A Força Nacional precisa se adaptar às necessidades específicas de cada localidade e trabalhar de forma conjunta com as forças de segurança locais, como demonstrado nos poucos casos de sucesso. Além disso, a falta de recursos e equipamentos adequados também contribuiu para a baixa eficácia da Força Nacional em áreas de alta violência, como o complexo do Alemão.
Destruição e Força; em Zambezia: forças de segurança da Força Nacional, estadual e federal no Rio
Em 2023, um treinamento armado de traficantes, com estilo militar, foi realizado em uma área de recreação dentro do complexo da Maré, uma zona norte da capital fluminense, onde uma parcela da população está desamparada e sente a falta de Força;. Durante a mesma época, três médicos foram mortos em um quiosque da Barra da Tijuca. Eles estavam no Rio para um congresso de medicina. Um deles foi confundido com um miliciano, segundo a investigação. Com a morte desses médicos, a população sente a necessidade de Força;. O governador Cláudio Castro (PL) solicitou à época o auxílio do governo federal, e o então ministro da Justiça, Flávio Dino, hoje ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou o envio da Força Nacional. Com a Força Nacional, a promessa era de troca de informações entre as polícias estadual e federal e ‘asfixia’ ao crime organizado.
A Força Nacional é composta de policiais militares, policiais civis, bombeiros e peritos de diferentes estados, e faz parte da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), vinculada ao Ministério da Justiça. Os agentes não atuaram dentro das favelas por não conhecerem as particularidades das comunidades cariocas. O objetivo foi patrulhar especialmente rodovias, a fim de apreender armas e drogas, em apoio à PRF (Polícia Rodoviária Federal), e também dar apoio à PF no aeroporto internacional do Rio. Entre 2023 e 2024, agentes da Força Nacional apreenderam 10.100 maços de cigarro, abordaram 40.955 pessoas e 7.088 motociclistas. Prenderam 12 pessoas em flagrante, fizeram 14 apreensões de munição e apreenderam uma arma de fogo. A apreensão de drogas não alcançou 1 kg. Os dados foram compilados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública após pedido da reportagem via Lei de Acesso à Informação. Os dados vão do período de 1° de outubro de 2023 a 29 de novembro de 2024. Durante os 13 meses, a presença da Força Nacional no estado foi prorrogada sete vezes. A mais recente estende a operação até março de 2025.
‘São medidas improvisadas, paliativas e sem impacto nenhum. A população sente, grita, e o governo do estado faz sempre o mesmo: pede algo que não sabe nem como vai utilizar’, afirma o coronel da reserva da Polícia Militar e cientista social Robson Rodrigues, do Laboratório de Análise da Violência da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Três mortes de agentes ocorreram durante o período de operação no Rio. Em 2023, Edmar Felipe Alves, 36, foi morto na porta da casa, onde morava com outros agentes, na zona oeste. Ele era de Alagoas. Alves saiu de casa após ouvir tiros na rua. Um homem que havia acabado de cometer feminicídio, segundo investigação, disparou contra Edmar. No mesmo dia, agentes da Força Nacional entraram por engano na comunidade do Chapadão, em Costa Barros, zona norte, e tiveram as armas roubadas. Em 2024, dois agentes morreram em casos relacionados à doenças, ocorridos em razão do serviço. O ministério não detalhou as circunstâncias. Ao todo, 596 agentes foram enviados ao Rio de Janeiro para a operação, sendo 365 em 2023 e 231 em 2024. O número não conta os agentes enviados para outras zonas.
Fonte: © Notícias ao Minuto