A Morte por Policiais no Estado de São Paulo

Tarcísio registrou aumento de 58,3% em adolescentes-mortos e menores-18-anos mortos, com câmeras corporais ausentes em ação-policial.

A morte de um adolescente de 17 anos e de um menino de 4, durante ação policial no dia 5 deste mês em Santos, chama a atenção para a realidade triste da morte de menores de 18 anos nas mãos da polícia no estado. Desde 2023, quando o atual chefe de polícia tomou posse, os agentes estão envolvidos na morte de pelo menos 69 menores de 18 anos. Isso equivale a uma morte de adolescente a cada 9 dias.

A morte–violenta de menores de 18 anos, como a do adolescente de 17 anos, é um tema de grande preocupação para os órgãos de segurança pública. A morte–prevenível de menores, em especial, deve ser um tema de reflexão constante para os policiais. O fato de a morte de um menino de 4 anos, também durante ação policial, chamar a atenção para a necessidade de ação mais eficaz e menos violenta por parte dos policiais. Homicídio de menores, por policias, é um crime que deve ser combatido com austeridade e rigor. “A polícia não deve ser uma causa de morte, mas sim uma força de segurança.”

Registram-se 38 mortos em intervenção policial em SP no ano passado

Um levantamento conduzido pelo Instituto Sou da Paz ao longo do ano passado revelou que 38 pessoas morreram em decorrência de intervenção policial em São Paulo. Este número, que abrange o período de janeiro a dezembro, supera em 58,3% o total de mortos registrados em 2022, quando a gestão anterior gerenciava a segurança pública. O estudo também revelou que 31 óbitos foram confirmados até setembro deste ano, mostrando uma tendência ascendente na letalidade policial.

Os dados mostram que 68% das vítimas são negras, com 58% de pardos e 10% de pretos. Os outros 32% são considerados brancos. Além disso, o levantamento destaca que a maioria dos alvos durante ocorrência policial é formada por adolescentes de 17 anos, com 12 vítimas. Os jovens negros, moradores de periferia, que evadiram da escola e saíram de medidas socioeducativas, apresentam maior chance de morrer em decorrência de ação policial.

Um relatório do Instituto Sou da Paz mostra que 21 adolescentes-mortos em 2024 morreram em confrontos com policiais em serviço. Essa tendência segue a tendência geral do estado, indicando que o aumento da violência na ação policial não é restrito apenas aos adolescentes.

Os especialistas, como Rafael Rocha, coordenador de projetos do Instituto, apontam que os policiais de SP se sentem autorizados a agir com violência, devido ao incentivo à letalidade policial por parte dos governos. Além disso, a retirada das câmeras corporais nos policiais, como o ouvidor da PM-SP, Claudio Aparecido da Silva, relatou em setembro de 2024, dificulta a obtenção de detalhes sobre as atividades das comissões de mitigação de risco. Essas comissões foram estabelecidas em 2020 para aprimorar o trabalho policial envolvido em ocorrências com letalidade.

O estudo também destaca que o discurso de incentivo ao confronto, como exemplificado pela Operação Escudo, aumentou a letalidade policial em São Paulo.

Fonte: © Notícias ao Minuto