Saúde
Você pode fazer tudo: O grande dano, que a saúde mental nos causa, sem perceber
Especialista analisa como sociedade e profissionais de saúde lidam com diagnósticos de ansiedade e depressão, alegando violência e tirania do diagnóstico, acreditando que tudo é subjetivo e que o positivismo é tóxico, exigindo mudanças negativas.
Entre os desafios enfrentados pela saúde mental, o psiquiatra Laura Martín López-Andrade destaca a importância da busca por atendimentos clínicos diferenciados e a necessidade de revisar concepções tradicionais em relação à saúde mental. Com vasta experiência em liderança, como Diretora da Escola de Saúde Mental, ela trabalha em prol da melhoria na saúde mental e devido a isso, fundou a associação La Revolución Delirante, que reúne profissionais de saúde comprometidos em atuar na saúde mental de maneira inovadora.
Como Coordenadora do Centro de Intervenção Comunitária do Hospital Universitário Río Hortega de Valladolid, Laura Martín López-Andrade desenvolve estratégias eficazes para abordar os desafios relacionados à saúde mental. Suas ações visam promover cuidados integrados e acessibilidade aos tratamentos. Além disso, sua liderança na área da saúde mental é reconhecida em nível nacional. Com sua equipe, Laura trabalha incansavelmente para melhorar a saúde mental de seus pacientes e inovar em suas práticas, sempre em busca de soluções mais eficazes para desafios complexos.
Um olhar crítico sobre a saúde mental
Na sociedade contemporânea, a saúde mental é frequentemente reduzida a um problema individual, atribuindo-se a responsabilidade da cura ao próprio paciente, como se pode observar no seminário do Institut d’Humanitats, em Barcelona. A especialista destaca que a tirania do ‘você pode fazer tudo’ também afeta a saúde mental, omitindo-se a análise das causas subjacentes que levam as pessoas a paralisar-se ou desenvolver ansiedade ou depressão.
A atribuição de diagnósticos como depressão ou ansiedade para explicar comportamentos como paralisia ou reação a condições trabalhistas negativas pode encobrir as verdadeiras causas desses problemas. Em vez de questionar o que está acontecendo com essas pessoas, a sociedade e alguns profissionais de saúde preferem rotular e atribuir a responsabilidade do problema ao próprio paciente.
A especialista destaca que o diagnóstico é frequentemente usado para encobrir as explicações reais, tornando o problema subjetivo e atribuindo-o ao paciente. Com isso, a solução do problema também é atribuída ao paciente, o que pode levar à dificuldade de resolução e ao perigo da chamada tirania do ‘você pode fazer qualquer coisa’. Centenas de livros de autoajuda prometem soluções fáceis e práticas para os problemas de saúde mental, desde uma perspectiva de positivismo tóxico que ignora as complexidades reais do problema.
A especialista salienta que há uma obrigação de saber lidar com as coisas, seja real ou não. Devemos estar bem e também sob um prisma de individualização, como se vê com o problema: é seu, resolva. Sentir-se mal torna-se patologizado, levando a que ‘é errado’ estar errado. E se você está mal, tem que consertar, porque tem que estar bem.
No entanto, não há problema em não estar bem, como nos explicou a psicóloga Iria Reguera. Estar triste e demonstrar isso não é bem visto. Não importa o que aconteça, devemos fazer uma cara boa e fingir que está tudo bem. Mas, querer estar bem não significa poder estar bem em todos os casos.
As exigências sociais são altas em relação à saúde mental. Exija ser feliz, ser resiliente, ter inteligência emocional, estar bem. Porém, querer estar bem não significa poder estar bem em todos os casos. María Velasco, psiquiatra e psicoterapeuta especializada em crianças e adolescentes, explica em seu livro ‘Criando com saúde mental’ que vivemos em uma sociedade que não permite que pais ou filhos vivam as primeiras fases da vida com saúde mental.
A solidão e a falta de ajuda, bem como as demandas sociais, são alguns dos motivos pelos quais pais e mães não conseguem atender às necessidades de seus filhos. A especialista destaca que a falta de apoio e a pressão social podem levar a problemas de saúde mental nos jovens, como a ansiedade e a depressão. Portanto, é fundamental reavaliar as nossas expectativas e exigências em relação à saúde mental, para que possamos criar um ambiente mais saudável e apoio para aqueles que mais precisam.
Fonte: @ Minha Vida