Finanças
Empresas optam por cooperativas de crédito como primeiro banco.

Cooperativas de crédito cresceram de 6% para 9% das empresas em 2020 e 2024, enquanto entre as pessoas físicas o aumento foi de 2% para 3%. Essas instituições financeiras oferecem serviços de crédito e consultoria.
Com o objetivo de promover um ambiente mais competitivo no mercado financeiro, as empresas estão optando por trabalhar com as cooperativas de crédito, que oferecem um perfil mais personalizado e diversificado em suas políticas de crédito. Este tipo de instituição financeira é sustentado por seus próprios associados, que têm a possibilidade de participar do processo de decisão em relação aos seus próprios recursos. A cooperativa de crédito previne que o capital seja repassado para acionistas externos, o que resulta em uma maior independência e flexibilidade nas decisões financeiras.
Os dados divulgados pela consultoria Bain & Company apontam que as cooperativas de crédito estão conquistando o mercado, pois eram a instituição principal de 6% das empresas em 2020 e passaram a ser de 9% em 2024. Esse aumento demonstra a cada vez maior confiança dos consumidores e das empresas em relação a essas cooperativas de crédito, que são conhecidas por oferecerem empréstimos com taxas de juros menores, melhorando a capacidade das pessoas e das empresas de investir e expandir suas atividades.
Empresas e Pessoas: Uma Parceria Dinâmica
Agora entre as empresas, o crescimento foi de 2% para 3% nesse período. O estudo envolveu 80 mil negócios e 70 mil pessoas. As cooperativas são a instituição financeira mais importante para mais empresas e pessoas: para 14% das empresas e 4% dos consumidores. As cooperativas estão aumentando sua presença principalmente entre as pequenas e médias empresas fora dos grandes centros. Entre as empresas para as quais a cooperativa é a instituição principal, a maioria está localizada fora das capitais e áreas metropolitanas (70%) e tem faturamento abaixo de R$ 5 milhões ao ano (90%).
As cooperativas de crédito são instituições reguladas pelo Banco Central que oferecem serviços exclusivamente aos seus associados. Os cooperados são os donos e ao mesmo tempo os usuários dos serviços, que são semelhantes aos disponíveis nas instituições bancárias, como cartões, contas, empréstimos, financiamentos e investimentos. O atendimento é geralmente mais personalizado e as condições dos produtos e serviços, melhores e mais atraentes. Os associados fazem parte da gestão das cooperativas, que não visam lucro. Os resultados são repartidos entre os cooperados, mas eles estão sujeitos a participar da divisão das eventuais perdas.
As cooperativas estão ampliando os cooperados e a representatividade no sistema financeiro: o Brasil conta com 19 milhões de cooperados, o equivalente a 9% da população. A análise da consultoria de crédito e serviços financeiros mostrou também que o NPS, a métrica que mede quanto as pessoas estão satisfeitas, é em média maior nas cooperativas do que nas instituições tradicionais e semelhante à métrica das instituições digitais. O NPS médio foi de 65 nas cooperativas de crédito, 53 nas instituições tradicionais e 66 nas instituições digitais nos últimos 12 meses encerrados em junho de 2024.
O atendimento humano tem sustentado esse resultado, porque os associados das cooperativas interagem mais e melhor com os gerentes das agências do que os clientes das instituições tradicionais: 37% dos associados das cooperativas usam as agências, ante 25% dos clientes das instituições tradicionais; e 60% dos cooperados usam os gerentes, contra 52% dos consumidores das instituições tradicionais. A métrica de satisfação dos clientes com as agências é de 61 nas cooperativas e de 39 nas instituições tradicionais. Já a métrica de satisfação com os gerentes é de 69 nas cooperativas e de 59 nas instituições.
Esse relacionamento mais próximo é fruto da alta capilaridade das cooperativas em regiões de menor densidade e do senso de pertencimento dos cooperados, na análise de João Correa, sócio da consultoria de serviços financeiros e especialista em serviços financeiros. Além disso, ele avalia que a oferta de produtos e serviços evoluiu nas cooperativas de maneira significativa e já se aproxima do que as instituições bancárias oferecem.
Fonte: @ Valor Invest Globo