Saúde
O clima e a disseminação de vírus respiratórios no sul do país
Estudo no Sul aponta que frio e umidade influenciam comportamento de vírus respiratórios, contrariando covid, que segue patógenos em ambientes.
O clima subtropical da região do sul do Brasil, com suas variações sazonais, pode afetar a disseminação de vírus respiratórios. Um estudo recente do Hospital Moinhos de Vento em Porto Alegre, que analisou mais de 3.300 testes de detecção de patógenos respiratórios realizados no período de abril de 2022 a julho de 2023, revelou uma relação entre essas variações climáticas e a prevalência desses vírus na região.
Os pesquisadores encontraram um impacto significativo das variações climáticas na disseminação de vírus respiratórios. No período de primavera, quando o clima é mais quente e úmido, houve um aumento na prevalência de vírus respiratórios. Já no verão, com temperaturas mais altas, houve um declínio na prevalência desses vírus. Esses resultados sugerem que o clima e as variações climáticas têm um papel importante na disseminação de vírus respiratórios na região do sul do Brasil.
Tendências Climáticas e Desenvolvimento de Vírus Respiratórios
A conexão entre a temperatura, umidade relativa e pressão atmosférica e a disseminação de patógenos é um assunto de grande relevância, especialmente no contexto brasileiro. A pesquisa realizada trouxe importantes descobertas específicas para o país, destacando a influência do clima nas variações de vírus respiratórios.
Patógenos e o Papel do Clima
Entre os vírus analisados, os mais prevalentemente encontrados foram o rinovírus, responsável pelo resfriado comum, e o vírus sincicial respiratório (VSR), que afeta principalmente crianças pequenas e idosos. Esses agentes apresentaram uma correlação leve com o clima, com uma tendência maior de prevalência em condições de frio e umidade. A pesquisa classificou tal associação como fraca, significando que as condições climáticas não são o grande fator por trás da disseminação dos patógenos.
Impacto do Clima nos Vírus
A taxa de positividade entre os testes realizados para os vírus investigados foi de 71,6%. O VSR foi detectado em 21,6% dos casos e o rinovírus em 17,2%, destacando-se como os agentes infecciosos mais comuns. Além disso, o vírus influenza, responsável pela gripe, foi identificado em 5,9% dos casos, enquanto o SARS-CoV-2, causador da covid-19, apareceu em 4,4% das amostras.
Correlação entre SARS-CoV-2 e Temperatura
O SARS-CoV-2, causador da covid-19, diferentemente dos outros patógenos analisados, demonstrou uma correlação ligeiramente positiva com a temperatura. Isso significa que, em vez de se tornar mais prevalente em condições de frio, como ocorre com o rinovírus e o VSR, o SARS-CoV-2 teve uma leve tendência de aumento em ambientes mais quentes. Essa descoberta é importante porque indica que a circulação desse vírus pode ocorrer de forma menos dependente das variações climáticas tradicionais.
Impacto do Comportamento Humano
A influência do clima é modesta, segundo os pesquisadores do Hospital Moinhos de Vento. Eles observam que fatores como o comportamento humano, incluindo o retorno às aulas e o aumento de interações em ambientes fechados, devem ter um impacto ainda mais significativo na disseminação dos vírus respiratórios. Esse aspecto é particularmente relevante no caso de patógenos como o VSR, que costuma circular amplamente entre crianças que frequentam creches e escolas.
Implicações da Pesquisa
O estudo nacional é um dos poucos a analisar a relação entre clima e vírus respiratórios em uma região subtropical, especialmente em um momento pós-pandêmico. A pesquisa destaca a importância de considerar fatores como o comportamento humano e as condições climáticas ao planejar estratégias de controle de doenças.
Fonte: @ Veja Abril