Finanças
O Banco Central, e o Aumento de Taxa: um Combinado de Poder

Postura conservadora surpreendeu economistas, com taxas básicas e mercado adversa, dificultando a perspectiva.
O Banco Central está prestes a aumentar a taxa de juros da Selic, e os economistas estão alertando que a instituição irá elevar a taxa mais de uma vez, o que pode afetar o mercado de crédito e a economia como um todo.
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a Selic pelo menos mais duas vezes, com um aumento de 1 ponto percentual, foi um sinal claro de que o Banco Central está voltando a desempenhar um papel proativo no controle das taxas de juros. Isso é um indicativo de que a instituição está procurando manter a inflação sob controle e evitar a formação de bolhas no mercado de crédito.
Central Banco e Selic no centro de novas expectativas
Há cerca de uma semana, o Banco Central (BC) sedimentou a ideia de que a taxa básica Selic acabou de atingir o seu teto, 14,25%. Diante disso, os investidores começaram a se preparar para uma corrida para a baixa da Selic, esperando um recuo nas taxas, inclusive a taxa básica. Contudo, o que não imaginavam é que essa tendência seria revertida de forma tão drástica. Com essa sinalização, os economistas passaram a revisar as estimativas para a taxa básica no fim do ciclo, agora perto de 15%. A postura bastante conservadora, que surpreendeu os economistas, mostrou que a nova composição do Comitê de Política Monetária (Copom) não deve ser condescendente com a inflação mais alta. Essa perspectiva deve se refletir nos ativos brasileiros nas negociações de hoje, com redução nos prêmios de risco. O mercado, por exemplo, está saindo de uma visão bastante adversa, que considerava o cenário como sendo mais incerto, e agora ele está sendo visto como mais adverso. Para Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, o comunicado fez o BC sair de uma postura considerada mais ‘atrasada’ para uma de mais ‘adiantado’. Na visão de Pinheiro, a volta do ‘forward guidance’ (perspectiva) foi bem assertiva, especialmente depois de o colegiado citar que o cenário agora está menos incerto, e sim mais adverso. ‘Agora, o BC tem mais certeza de que estamos num cenário adverso. Antes, ele podia ter alguma dúvida. Isso justifica a volta do guidance’, diz.
Fonte: @ Valor Invest Globo