Finanças
Negociações entre Eletrobras e União continuam em meio a impasses sobre o poder de voto;

Eletrobras e AGU afirmam que negociações avançaram significativamente, pontos em aberto, expectativa é que se encerrem em assembleia de acionistas.
No âmbito das discussões entre a Eletrobras e a Advocacia-Geral da União (AGU) sobre a desestatização da empresa, os dois litigantes solicitaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prorrogação do processo de negociação por mais 60 dias, a partir de 25 de abril. Tal reivindicação visa possibilitar a conclusão dos entendimentos entre as partes, especialmente em relação à transferência de ativos e a composição do capital da empresa.
A medida visa garantir que a Eletrobras possa manter seu poder de negociação e influência no mercado, na medida em que o processo de desestatização avança. Em Hipótese contrária, a não prorrogação poderia comprometer a capacidade da empresa em disputar o poder de mercado, o que pode ter consequências significativas para a economia do país. Além disso, a prorrogação também permitiria aos responsáveis negociação e voto na decisão de desestatização terem tempo suficiente para chegar a um acordo que atenda às necessidades de todos os atores envolvidos.
Conflito de Poder na Eletrobras
A Câmara de Mediação e de Conciliação da Administração Pública Federal (CCAF) foi estabelecida pelo ministro Nunes Marques com o objetivo de encontrar uma solução consensual e pacífica para o caso envolvendo o poder da ação governamental na Eletrobras. Na petição enviada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Eletrobras e a AGU afirmam que as negociações avançaram significativamente nos últimos dias e restam poucos pontos em aberto, justificando a prorrogação das conversas. Com a expectativa de que as negociações se encerrem nos próximos dias, a Eletrobras planeja convocar uma assembleia de acionistas em fevereiro para deliberar sobre o tema. Embora o documento não especifique quais pontos ainda estão em aberto, reitera a concordância quanto à manutenção do limite no poder de voto na Eletrobras, aumento das vagas que a União terá no conselho e desoneração de investimentos em Angra 3.
Poder de Voto e Implicações
Os analistas têm uma visão otimista sobre a situação, com o Citi afirmando que a extensão do prazo nas negociações entre Eletrobras e União era esperada e resultaria em um acordo para encerrar o caso envolvendo o poder de voto na companhia. João Pimentel, do Citi, enfatiza que uma solução precisa ser alcançada a tempo da assembleia anual da Eletrobras em abril para que o conselho seja recomposto nos termos do acordo. Além disso, a solução não só tiraria um ponto de pressão importante nas ações da Eletrobras, mas também abriria espaço para o pagamento de dividendos maiores a partir dos próximos anos. O Citi tem recomendação de compra para Eletrobras, com preço-alvo em R$ 54 para as ações ordinárias, potencial de alta de 53,6% sobre o fechamento de ontem. Já o Itaú BBA cortou o preço-alvo das ações ordinárias de Eletrobras de R$ 59,60 para R$ 54,90, potencial de alta de 56,8% sobre o fechamento de ontem, reiterando recomendação de compra.
Impacto da Negociação no Mercado
Os analistas liderados por Marcelo Sá do Itaú BBA escrevem que a Eletrobras vem avançando em iniciativas importantes, como nas negociações com a União e investimentos em expansão de linhas de transmissão, que podem gerar valor à companhia. No entanto, o cenário macroeconômico atual, com juros mais altos, cenário de preços de energia mais pressionados, além de mudanças na estrutura tributária da companhia pós-reforma, acaba impactando as estimativas de resultados. A notícia encerra positivamente um ano onde a companhia realizou avanços importantes, diz o BTG Pactual. Os analistas Antonio Junqueira, Gisele Gushiken e Maria Resende escrevem que a sinalização que o acordo deve ser assinado até fevereiro é sinal que a maior parte das diferenças já foram acertadas entre os dois. O banco nota que a Eletrobras conseguiu se retirar dos riscos envolvendo a Amazonas Energia.
Fonte: @ Valor Invest Globo