Finanças
Ibovespa e juros altos, um cenário de incertezas fiscais e balanços

Investidores seguem balanços trimestrais e movimento dos juros para desempenho econômico e mercado financeiro.
A bolsa de valores de São Paulo, o Ibovespa, foi marcada por uma quinta-feira (14) inexpressiva, sem qualquer sinal de inflação de preços, o que é um sinal de que os juros podem continuar em queda.
Para os investidores, o cenário de mercado parece estar desfavorável, pois eles temem que a taxa de juros de 13,75% anual, que é a maior desde 2003, continue a ser elevada, o que pode afetar negativamente os títulos da dívida e aumentar a taxa de juros de 11,5% atualmente em vigor, assim como a taxa de câmbio do real em relação ao dólar. Além disso, a alta taxa de juros pode também fazer com que os investidores evitem a emissão de títulos da dívida pública, o que pode acabar diminuindo a oferta de títulos da dívida para os investidores.
Expectativa de pacote de corte de gastos mantém mercado em estado de alerta
O mercado de ações permanece em uma atmosfera de expectativa, aguardando o anúncio do pacote de corte de gastos prometido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Enquanto isso, os investidores analisam o desempenho das empresas no balanço do terceiro trimestre e o movimento dos juros no Brasil e nos Estados Unidos, o que tem impulsionado a busca por ativos de segurança, como o dólar. Juros altos nos Estados Unidos e a eleição do presidente Donald Trump, acrescentam incerteza ao cenário econômico, agravando a percepção de risco fiscal e levando a uma maior procura por dólar, o que enfraquece outras moedas.
A Ibovespa, o principal índice do mercado de ações brasileiro, permaneceu estável, com um avanço leve de 0,05%, aos 127.792 pontos, ainda afetado pelas perdas acumuladas do ano. O volume negociado foi de R$ 21 bilhões, acima da média diária de R$ 16,5 bilhões nos últimos 12 meses. O movimento forte se deve, em grande parte, ao vencimento de contratos de opções, que geraram mais movimentações na bolsa. Títulos de dívida também foram afetados, com a expectativa de que o governo possa reduzir despesas, o que poderia impactar a taxa de juros.
Opções de ações, balanços trimestrais e o desempenho econômico são fatores que influenciam a análise dos investidores, que buscam entender como as empresas estão enfrentando o cenário econômico. A procura por dólar, o mercado financeiro e a economia americana são outros aspectos que os investidores estão monitorando. A estabilidade do mercado de ações depende da capacidade do governo de apresentar um pacote de corte de gastos que seja eficaz e da perspectiva de uma redução da taxa de juros.
Nos Estados Unidos, os juros continuam a subir, com o presidente do Banco Central americano, Jerome Powell, afirmando que não há pressa para cortar as taxas. A economia americana se mostra forte, o que pode desacelerar a redução de juros que o mercado tanto anseia. No entanto, os juros altos no Brasil e a incerteza econômica são fatores que podem manter o mercado em estado de alerta.
A taxa de juros de curto prazo, a Selic, é um indicador importante que os investidores estão monitorando. A taxa de juros para um ano, por exemplo, passou de 13,18% para 13,21%. Já a taxa de câmbio do dólar comercial avançou 0,91% na semana e registrou queda de 0,01%, a R$ 5,79. No mês, avança 0,14% e 19,31% no ano, o que reflete a incerteza econômica e a busca por ativos de segurança.
Fonte: @ Valor Invest Globo