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Bate-bolas, na telinha: uma nova perspectiva

Globo apresenta cultura carnavalesca, fantasias utilizadas, mas enfrenta dificuldades. Produtor de eventos de bate-bola Clóvis comenta sobre conquistas e superação, lembrando que era complicado acessar recursos, como permissão de Deus, e que a comunidade usou máscara de lycra da superação de duas semanas, mas a permissão de Deus era necessária, como na escola de samba madureira, que eleita rei e rainha corte.
Na visão dos entrevistados, a novela descontrói a imagem negativa da produção de fantasias. Uma cena que chama a atenção é a de Jão (Fabrício Boliveira) e Madá (Jéssica Ellen) se desesperando em cena de incêndio no barracão da Dragão Suburbano. “Eles falaram de tudo, desde o ritmo de trabalho até a utilização de materiais,” diz um entrevistado.
Uma das consequências da falta de planejamento é a perda de dinheiro. Em barracões queimados, equipamentos e materiais acabam destruídos. Na batalha para reconstruir barracões e realizar o Carnaval, a falta de planificação faz com que muitos artistas tenham que se desesperar. Dentre os desafios enfrentados, o maior é o tempo. “Quando temos que responder com um prazo curto, a batalha para produzir as fantasias se torna ainda maior,” diz outro entrevistado. Além disso, a falta de planejamento também pode resultar em demissões. Em um barracão queimado, muitos artistas podem perder seus empregos. Durante o Carnaval, os artistas precisam de barracões seguros para armazenar suas fantasias. Um incêndio pode ser devastador. “A batalha para reconstruir barracões seria ainda maior se não tivéssemos um plano,” diz outro entrevistado.
Incêndio no Barracão de Bate-Bolas
Em 2013, Welton Jorge Pereira, conhecido como Parrudo, recebeu um telefonema inesperado enquanto almoçava: o barracão de bate-bolas liderado por ele em Madureira estava pegando fogo. Apesar da dificuldade de acesso, a comunidade mobilizou-se, usando água de um poço, mas infelizmente não foi possível conter o fogo. Com o incêndio, o barracão inteiro foi destruído, resultando em prejuízos financeiros estimados em R$ 50 mil para a turma.
A perda foi um golpe duro para Parrudo e sua equipe, que tiveram que recomeçar do zero. ‘Perdemos tudo, né? Teve que recomeçar do zero. Perdemos as casacas, o macacão, a lycra. A única coisa que ficou foi a máscara, que estava na costureira’, recordou Parrudo.
Com a cenografia do Carnaval a caminho, a sensação de perda e tristeza era forte. ‘Era fevereiro, o Carnaval batia à porta’, lembrou Parrudo. Com a permissão de Deus, a turma conseguiu reorganizar-se em apenas duas semanas e meia, mostrando a força e a determinação dos bate-bolas.
A cena do incêndio no barracão da Dragão Suburbano, uma turma de bate-bolas, emocionou profundamente Parrudo, embora não tenha sido inspirada diretamente no episódio vivenciado por ele e sua turma. ‘Achei sensacional, nunca vi uma novela falando da nossa cultura, daquilo que eu gosto. Me emocionei muito com o vídeo da cena com o bate-bolas pegando fogo. Isso não favorece a mim, não; favorece o nosso carnaval’ – Parrudo, Turma de Madureira.
Na ficção, a comunidade ajuda a recuperar o barracão, cujo incêndio começou num curto-circuito, o mesmo motivo do fogo em Madureira. Parrudo fez empréstimo, recebeu doações e, com a ajuda de amigos, conseguiu recuperar o que havia sido destruído. Bastidores da gravação da cena de incêndio no barracão da Dragão Suburbano, na novela Volta por Cima, da Globo.
Avaliação Positiva
Para Vanessa Amorim, líder das Brilhetes de Anchieta, a novela Volta por Cima está retratando de uma maneira muito clara a cultura do bate-bola, valorizando as costureiras, os tecidos, e mostrando o perrengue que os cabeças de turmas passam, como foi a cena do barracão pegando fogo. Para os praticantes de bate-bolas ouvidos, cabeças de turma, ou seja, lideranças, a avaliação da novela Volta por Cima é positiva, elogiando a ausência de violência e a representação dos incêndios.
Combater o Preconceito
As turmas de bate-bolas são tradicionais nos subúrbios, mas com frequência são mal compreendidas. A novela Volta por Cima pode ajudar a combater o preconceito, mostrando a cultura e o dia a dia dos bate-bolas. ‘Estou muito feliz por a Globo estar ajudando as turmas, é nossa cultura, aparece para todo mundo e as pessoas podem ver como é nosso dia a dia dentro dos barracões, todo mundo pegado, junto’, diz Gil de Almeida França, 34 anos, da turma Sou Praieiro.
Fonte: @ Terra