Finanças
À espera do pacote fiscal, Ibovespa segue de molho e emperra na marca de 127 mil pontos

Saldo do Dia: índice se mantém estável com volume-negociado, sem impulso interno ou externo, commodities em queda e moeda subindo.
O pacote fiscal é um conjunto de medidas econômicas que visam reduzir a despesa pública, com impactos diretos no orçamento do governo. O objetivo é alocar os recursos disponíveis da forma mais eficaz possível, evitando desperdícios em áreas pouco prioritárias. Um dos principais instrumentos desse pacote é o corte de despesas. Esse mecanismo visa reduzir a carga financeira do governo, liberando recursos para investimentos em setores de maior impacto positivo para a economia.
Após a apresentação do esboço do plano de redução de despesas ao presidente da Câmara, Arthur Lira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destaca a importância de se adotar medidas imediatas para reduzir os gastos com funções não essenciais. A ideia é que o governo possa reduzir a despesa com serviços que não são fundamentais para a gestão pública. Além disso, o ministro defende a necessidade de reduzir o custo de manutenção da máquina pública, evitando desperdícios em áreas não prioritárias. Dessa forma, o pacote fiscal poderá ter um impacto mais efetivo no orçamento do governo, permitindo a alocação de recursos em áreas que realmente necessitam de investimentos.
Expectativas em torno do Pacote Fiscal
O movimento recente, embora tenha sido sutil, foi interpretado como positivo e ajudou a aliviar as taxas de juros mais longas e a manter a bolsa estável, evitando perdas significativas. Depois da inversão de sinal, o Ibovespa manteve a estabilidade com um avanço leve de 0,03%, alcançando 127.734 pontos, ainda no patamar mais baixo em três meses. Em novembro, houve uma recuperação de 1,5%. No acumulado do ano, as perdas foram de 4,81%. O volume negociado entre as 86 ações da carteira teórica foi de R$ 19 bilhões, o que representa um aumento em relação à média diária de R$ 16,5 bilhões dos últimos 12 meses.
Pacote Fiscal: Uma Esperança Demorada
Enquanto a espera pelo pacote fiscal continua, o mercado permanece morno, sem ganhos ou perdas significativas. Além da questão fiscal, outros dois fatores afastam os investidores da bolsa. De um ponto de vista local, as pessoas perdem o interesse em se arriscar na renda variável quando a renda fixa está tão generosa, com ganhos acima de 11% ao ano. Em relação ao investidor estrangeiro, novamente a bolsa fica de escanteio. Por ser um índice com maior peso em commodities, ele perde a atratividade em ciclo de queda nos preços desses produtos.
Impacto das Despesas e Corte de Gastos
A saída de recursos estrangeiros na B3 ultrapassa os R$ 30 bilhões em 2024. De janeiro a outubro deste ano, somente dois meses (julho e agosto) tiveram um fluxo positivo de recursos estrangeiros entrando na bolsa. Em todos os outros meses, esse público retirou bilhões do mercado local. Além de derrubar o Ibovespa, visto que mais da metade do volume de negociações são desses investidores, a saída massiva também contribui para uma escassez de dólar que faz a moeda subir ante o real. No acumulado do ano, o dólar comercial subiu quase 20%.
Renda Variável e Consumo
A eleição do presidente Donald Trump para a Casa Branca acrescenta uma dose de incerteza que também leva a um aumento na busca por dólar, o que enfraquece outras moedas, sobretudo aquelas de países emergentes como o Brasil. A divisa americana é considerada um ativo de proteção, por isso a procura por ela aumenta em momentos de instabilidade ou dúvidas. A valorização do dólar e o clima de incerteza no exterior jogam contra os ativos. A falta de uma sinalização mais firme do governo, que traga detalhes sobre datas e números, impulsionam o ritmo de alta das taxas.
Fonte: @ Valor Invest Globo