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Os, Quatro da, Candelária e a, Chacina que Continua
Luis Lomenha, criador de série hit da Netflix, explica que sua intenção foi criar uma história atemporal.
O filme trazida para a tela de televisão retrata a chacina de 1993 de forma indireta, preferindo focar na vida de quatro jovens vítimas do crime. A escolha da narrativa pode parecer incomum, mas, na verdade, é uma estratégia para ajudar o público a se conectar com as vítimas.
A chacina da Candelária é um dos casos mais emblemáticos de violência na história do Rio de Janeiro. Em 23 de julho de 1993, oito jovens e crianças dormiam nas escadarias da Igreja da Candelária, no centro do Rio, quando foram brutalmente assassinados por assassino desconhecido. O crime foi considerado um crime hediondo e levou a uma onda de indignação da sociedade. Pelo menos um dos assassinos, Antônio Bonfim Lopes, foi condenado à morte e outros têm sido perseguidos por anos.
Uma Abordagem Inovadora da Chacina
Ao invés de se concentrar apenas no crime, a série ‘Os Quatro da Candelária’ lança luz sobre os sonhos interrompidos, tanto literal quanto figurativamente, e busca universalizar o assunto. A equipe de criação, liderada por Luis Lomenha, consegue alcançar essa meta ao brincar com a fantasia, demonstrando que a chacina não é um evento isolado, conforme afirma Lomenha.
A intenção é clara: criar uma atmosfera de atemporalidade, mostrando que o episódio bárbaro pode acontecer em qualquer época. A equipe foca em criar uma narrativa que seja capaz de superar as barreiras do tempo, para que o espectador possa se conectar com a história em um nível mais profundo.
A série claramente não é um programa de true crime, mas sim uma história que busca explorar a humanidade por trás do crime, e na verdade, é justamente essa abordagem que torna a série tão impactante. Embora a chacina seja um tópico sombrio, a abordagem da série consegue trazer uma visão mais humana do assunto, graças à atemporalidade que a mesma consegue transmitir.
Um Caminho para a Democratização Cultural
Luis Lomenha, criador e diretor da série, tem uma longa trajetória na indústria cinematográfica, desde seu início na atuação em ‘Cidade de Deus’. Ele entende a importância da arte em democratizar o acesso a melhores condições de vida, especialmente para setores mais vulneráveis da sociedade.
‘Desde muito novo eu era muito cinéfilo, porque nos anos 80 e 90 o cinema era muito barato. Era um programa de famílias mais pobres’, recorda Lomenha em entrevista. ‘Diferentemente de hoje, que para chegar ao cinema você precisa entrar em um shopping, naquela época as pessoas iam para ficar no ar condicionado. Tinha muito cinema na Zona Norte [do Rio], e eu peguei o fim disso.’
Uma Paixão que Se Transformou em Carreira
A paixão de Lomenha pelo cinema começou desde cedo. Ele cresceu em um ambiente onde o cinema era uma atividade comum para as famílias mais pobres, o que o inspirou a seguir carreira nesse campo. Após formar-se em Letras, ele começou a se dedicar à escrita, e logo se envolveu com o teatro. Foi através do documentário ‘Central do Brasil’ que ele descobriu sua verdadeira paixão pelo cinema.
‘Depois, sem querer, fui parar no ‘Cidade de Brasil’, e aí foi um encontro de toda essa memória afetiva com o cinema. E então eu não parei mais.’
Um Legado de Pioneirismo
Ao longo de sua carreira, Lomenha fundou a Jabuti Filmes, uma produtora de conteúdo audiovisual que busca promover a democratização do acesso a melhor qualidade de vida, especialmente para setores mais vulneráveis da sociedade. Além disso, ele é o fundador da instituição social Cinema Nosso, uma escola popular de cinema que tem como objetivo promover a cultura e a educação entre as crianças e jovens periféricos.
‘Aquela época que o cinema era muito barato e as pessoas iam para ficar no ar condicionado. Tinha muito cinema na Zona Norte [do Rio], e eu peguei o fim disso’, recorda Lomenha.
A série ‘Os Quatro da Candelária’ é mais do que apenas uma história de crime; é uma jornada pela humanidade por trás do horror, e uma reflexão sobre como a arte pode ser usada como um caminho para a democratização do acesso a melhores condições de vida.
Fonte: @ Terra