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Armazenados em ‘corpos biológicos’, teriam sido usados em conflitos há 800 anos

Corpo jogado em poço durante invasão civil para envenenar fonte de água, método biológico.
A guerra é uma parte indelével da história da humanidade. A luta pela sobrevivência e o poder sempre foi presente, e nem os povos antigos, nem os atuais, escapam da utilização de métodos não convencionais em seus conflitos. É possível que alguns achem que a modernidade trouxe uma mudança significativa no conjunto de técnicas utilizadas, mas a realidade mostra que a guerra é um fenômeno complexo e multifacetado.
Uma pesquisa recente trouxe à tona um exemplo intrigante de uso de armas não convencionais em um contexto histórico. Segundo pesquisadores, invasores teriam lançado um arma biológica contra seus adversários na Noruega, visando conquistar o controle do território. Essa tática, apesar de estar fora do escopo da guerra tradicional, demonstra a criatividade e a determinação dos povos ao longo da história em perseguir seus objetivos, mesmo que por meio de métodos controversos. A guerra é mais do que apenas uma ação militar, é uma estratégia de poder e sobrevivência.
A Guerra pela Fonte de Água: Um Caso de Envenenamento em Tempo de Conflito
Mais de 800 anos atrás, uma batalha feroz ocorreu no Castelo de Sverresborg, na Noruega, durante o século XII. O objetivo era capturar a principal fonte de água do local e impor o domínio sobre a região. Trata-se de um período tumultuado da história da Noruega, marcado por conflitos e lutas pelo poder. A Guerra Civil Norueguesa estava em pleno vigor, e as facções disputavam o controle do trono.
Um Ataque Surpresa e o Envenenamento da Fonte
Em 1197 d.C., o rei Sverre Sigurdsson, que acreditava ter direito ao trono, estava em Bergen quando um grupo de católicos romanos, uma das facções que disputavam o poder nas guerras civis norueguesas, lançou um ataque surpresa contra a fortaleza do Castelo de Sverresborg. Eles entraram por uma porta secreta e começaram a queimar e saquear as casas, aumentando os danos com o objetivo de envenenar a principal fonte de água do local.
Um Corpo Jogado no Poço: Um Indício de Arma Biológica
Escavações realizadas no local revelaram um corpo jogado em um poço, supostamente como forma de envenenar a água da população. A descoberta foi feita em 1938, e anos depois, análises detalhadas permitiram que os pesquisadores revelassem segredos sobre o indivíduo jogado no poço. O corpo tinha entre 30 e 40 anos, olhos azuis, cabelos castanhos claros ou loiros, e seus ancestrais vieram de onde fica a atual Vest-Agder, no sul da Noruega.
Um Período de Agitação Política e Luta
A época em que esse evento ocorreu foi marcada por um período de agitação política significativa, com Sverre acreditando ter direito ao trono, apesar da oposição do arcebispo da região. A batalha era parte de uma longa série de guerras civis norueguesas, onde grupos disputavam o poder e o controle do trono. A história conta que o rei estava em Bergen quando o ataque foi lançado, demonstrando a escalada da tensão política na época.
Descobertas que Revelam um Passado Obscuro
Análises dos dentes do homem revelaram informações sobre sua dieta e estilo de vida, enquanto a datação por radiocarbono e tecnologias avançadas de sequenciamento de genes permitiram que os pesquisadores identificassem a presença de ancestrais europeus. A equipe acredita que o corpo tenha sido jogado no local como forma de envenenar a água da população, o que significaria que os noruegueses lançaram uma arma biológica durante o ataque. As descobertas foram descritas em um estudo publicado na revista iScience.
Fonte: @Olhar Digital