Finanças
Bolhas financeiras: como a tecnologia desempenha um papel cada vez mais importante na formação de bolhas financeiras e o impacto das ações de tecnologia nas bolhas financeiras.
As sete maiores empresas de tecnologia (sete-magníficas) têm lucro-da-empresa menor projetado para 2025, em comparação com as 496 outras empresas do índice S&P.
As ações em alta na bolsa americana têm sido uma das principais tendências dos últimos dois anos, alcançando recordes inéditos em muitos casos. A Inteligência Artificial é um dos principais motores por trás desta tendência, com empresas de tecnologia investindo pesadamente em pesquisas e desenvolvimento de tecnologias que utilizam algoritmos de IA em suas plataformas e produtos.
A Inteligência Artificial tem se tornado cada vez mais presente no dia a dia das empresas, desde a análise de dados até a automatização de processos, passando pela criação de sistemas de recomendação e aprendizado de máquina. No entanto, a bolsa americana também tem visto um aumento significativo nas ações de empresas que desenvolvem tecnologias relacionadas à tecnologia em geral, como a internet dos objetos e a realidade virtual. Empresas como a NVIDIA, que desenvolve GPU’s utilizados em aplicativos de Inteligência Artificial, têm visto suas ações aumentar significativamente nos últimos anos, alcançando recordes em sua valorização.
Ações: O Fim da Euforia?
A vertente crescente das empresas de tecnologia, lideradas pelo setor de inteligência artificial, tem sido a principal motivação para o aumento do mercado de ações nos últimos meses. De acordo com dados de 2022, o banco Goldman Sachs registrou que as sete maiores empresas de tecnologia – Amazon, Alphabet, Google, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla – já representam mais da metade dos 57% de alta no S&P 500 (o índice das 500 maiores empresas americanas). Juntos, essas ações se valorizaram 148%, enquanto as 493 companhias restantes do índice subiram 35%.
Esta euforia no mercado de ações de tecnologia tem levado alguns analistas a questionar até quando essa tendência irá continuar, com alguns alertando para a formação de uma ‘mini bolha’ no setor de inteligência artificial. O momento atual é frequentemente comparado à virada dos anos 2000, quando a explosão da bolha das empresas ‘ponto com’ com a internet ganhando força.
A grande diferença é que os investimentos na época foram feitos via dívida, enquanto as empresas hoje têm um fluxo de caixa com capacidade de fazer investimentos. A chefe de pesquisa da gestora de fundos WHG, Guilherme Novello, ressalta que o comportamento dos investidores das ações de inteligência artificial ainda não chegou aos níveis de uma alta especulação, nem o valor das empresas está descolado de fundamento.
A ação da Nvidia, que faz chips para IAs generativas, se valorizou quase 200%, mas seu múltiplo P/L permaneceu estático, com a ação negociando a 26 vezes. Isso corrobora a análise de que a valorização vem do crescimento de resultado da companhia. Em comparação, Novello identifica empresas de software que têm um avanço de mercado que não se justifica dentro do cenário.
Mesmo com a alta das ações das sete gigantes da tecnologia, a euforia dos investidores também não é vista como ponto de alerta para Henrique Vasconcellos, analista da consultoria Nord Investimentos. O cenário atual não é considerado descontrolado, e ainda há muitas pessoas céticas quanto ao investimento, que acham que o mercado de IA está caro.
A formação de uma bolha também seria sinalizada por um grande número de ofertas públicas iniciais (IPO) de companhias na bolsa, o que não tem acontecido, além de forte participação do varejo e um mercado de dívida complacente com o cenário. A alavancagem e o desejo de ficar rico rapidamente também são fatores que não estão presentes no cenário atual, o que é uma grande diferença em relação à bolha imobiliária dos EUA em 2008.
Fonte: @ Valor Invest Globo