Tecnologia
TVs e dispositivos de streaming irregulares: Uma nova forma de combate

Anatel avalia proposta para atualizar boxes piratas e impedi-las de acessar conteúdo protegido transmitido por TV em rede avançada de comunicação.
Na esteira de medidas para refrear a crescente popularidade de TV boxes irregulares que vêm extraindo enormes quantidades de dinheiro das operadoras de internet, a Anatel deu um passo importante. A entidade realizou um concurso para encontrar soluções eficazes para esse problema e, em meio a várias propostas, uma delas chamou a atenção por sua originalidade e potencial. A ideia envolve a criação de um método para forçar as atualizações dessas caixinhas sem acesso legítimo, garantindo que elas não possam mais se conectar à rede de forma ilegal.
Essa proposta, muito embora ainda em estágio de desenvolvimento, apresentou-se como uma das mais promissoras para combater o problema. O método proposto visa trabalhar em conjunto com as operadoras de internet, redirecionando os acessos desses dispositivos irregulares para uma área específica da rede onde elas não possam mais funcionar. Isso inclui a possibilidade de criar novas limitações, como bloquear o acesso a conteúdo premium ou limitar a velocidade de conexão. A ideia é não apenas impedir o uso indevido dessas caixinhas, mas também criar um ambiente de uso mais seguro para os usuários legítimos. O uso dessas estratégias poderia levar a uma diminuição significativa na disponibilidade dessas caixinhas ilegais, forçando os usuários a optar por opções mais legais e seguras, como TV boxes legais e produtos de streaming. O objetivo final é reduzir o impacto financeiro e operacional causado por esses dispositivos mal-intencionados, e garantir que os usuários acessem conteúdo de forma ética e segura.
Tecnologia Avançada Permeia a Pirataria de TVs
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) está focada na interrupção de servidores que têm o potencial de serem atualizados e voltarem a funcionar. Com a nova estratégia, a fiscalização seria direcionada para as redes de TVs caixinhas irregulares, que não só distribuem conteúdo protegido como também podem ser um risco à segurança dos usuários, expondo-os a roubos de dados sigilosos. Essas caixinhas, conhecidas também como IPTVs piratas, prometem acesso indevido a canais e serviços de streaming, porém, elas podem sofrer com uma ‘pane geral’, como propõe um dos ganhadores do concurso criado para combater essas TVs caixinhas piratas.
No final de setembro, o desenvolvedor de sistemas Daniel Lima e outros cinco colegas, que trabalham em tecnologia da informação, venceram o concurso Hackathon TV Box, organizado pela Anatel. Eles apresentaram uma proposta que inutiliza as TVs caixinhas piratas por meio de uma atualização forçada. No entanto, a Anatel ainda está conversando com os participantes do concurso e não confirmou se vai implementar as ideias. Atualmente, a agência costuma pedir que as operadoras bloqueiem servidores usados pelas TVs caixinhas irregulares. Mas essa estratégia é ineficaz, pois os endereços dos servidores na internet são atualizados, fazendo com que as TVs caixinhas piratas voltem a funcionar. Por isso, a ideia do grupo de Daniel foi ir além do que a Anatel já faz para limitar o uso dessas TVs caixinhas sem autorização.
A proposta de Daniel Lima é que a operadora que receber a tentativa de uma TV caixinha de abrir um servidor pirata possa direcionar o acesso para outro endereço, onde há um arquivo de atualização que seja baixado automaticamente e possa impedir o funcionamento da TV caixinha. ‘Conseguimos adicionar um código que a inutiliza totalmente’, disse Daniel. O método é possível porque são as operadoras que administram a comunicação de rede. ‘Nossa solução utiliza recursos avançados de rede para possibilitar que o software da caixinha seja alterado, e o usuário seja impossibilitado de acessar conteúdo protegido’. A Anatel controla os ISPs, que são os provedores de serviços de internet, e consegue obrigá-los a implementar os recursos avançados de rede que tornam possível à caixinha receber um pacote alterado. ‘No momento em que a Anatel implementar a solução, vai ser uma pane geral na maioria das caixinhas irregulares que estão em uso’, disse Daniel.
Para evitar a inutilização de TVs caixinhas regulares, é necessário definir padrões que afetem somente as TVs caixinhas piratas, como as informações que o próprio aparelho envia sobre si na comunicação com a internet e os endereços que ele busca acessar.
O que falta para o plano sair do papel? O concurso teve a participação de profissionais e estudantes de áreas como cibersegurança, rede e desenvolvimento. Além do grupo de Daniel, outras duas equipes foram premiadas pela Anatel. Agora, com as propostas apresentadas, fica a cargo da própria Anatel implementar as soluções (ou parte delas).
Fonte: © G1 – Tecnologia