Justiça
Tribunal do Júri condena Ronnie e Élcio a prisões com duração de 78 e 59 anos
Justiça é lenta, cega, burra, mas chega em crimes duplos.
A condenação de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz pelo 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro é um marco importante no combate à impunidade no Brasil. A prisão desses dois ex-policiais militares é um passo significativo em direção à justiça para as vítimas da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Compenetrando-se nas consequências da conduta dos réus, é notório que a pena imposta a Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz representa um reconhecimento oficial da gravidade dos crimes cometidos. Ronnie Lessa foi condenado a uma extensa pena de 78 anos, 9 meses e 30 dias de prisão, enquanto Élcio recebeu uma longa pena de 59 anos, 8 meses e 10 dias. Essa condenação é uma vitória para a justiça e um recado claro de que a impunidade não será tolerada.
Entenda o veredicto da condenação de Ronnie e Élcio
A condenação de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, os réus principais do crime que resultou na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, foi considerada uma resposta institucional aos que acreditavam que o atentado ficaria impune. A decisão do Tribunal do Júri do Rio reconheceu a culpa dos dois em crimes de duplo homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves, assessora da vereadora, e receptação do veículo usado no crime, que foi comprado por R$ 30.000.
O crime que marcou a história: uma busca por justiça
O caso, que ocorreu em 14 de março de 2018, foi marcado por uma investigação complexa. A vereadora Marielle, conhecida por sua atuação política, estava retornando para casa após participar de um evento na Lapa quando o veículo em que estava foi alvo de disparos. Além de matar Marielle e Anderson, o atentado feriu a assessora Fernanda Chaves, que sobreviveu. A investigação revelou que o crime foi motivado por considerações políticas e financeiras.
A denúncia e a condenação: um processo de justiça
A Promotoria do Rio de Janeiro apresentou evidências de que Ronnie Lessa, o autor dos disparos, começou a planejar o crime ainda em 2017. Lessa e Queiroz buscaram informações sobre a rotina de Marielle e sobre outros políticos associados a ela. A defensora pública Daniele Silva, que atuou como assistente de acusação, destacou o aspecto racial do crime, apontando que Marielle, mulher negra, representava uma figura de resistência às estruturas políticas e sociais.
A importância do processo e a justiça
A composição do Júri, formada por sete homens brancos, não incluía mulheres negras. Entretanto, a decisão do Júri foi baseada nos valores e no compromisso com a Justiça. A juíza Lúcia Glioche enfatizou que a Justiça, mesmo sendo lenta e imperfeita, alcança os culpados. A condenação de Lessa e Queiroz representa uma resposta institucional aos que acreditavam que o crime ficaria impune. ‘A Justiça por vezes é lenta, é cega é burra, é injusta, é errada, é torta. Mas ela chega. Mesmo para acusados que acham que jamais vão ser atingidos. A Justiça chega aos culpados’, disse a juíza.
A indenização e a responsabilidade
Além das penas privativas de liberdade, os réus foram condenados a pagar uma pensão mensal de R$ 3.500 ao filho de Anderson, Arthur, até que ele complete 24 anos. Eles também foram condenados a indenizar cada uma das vítimas envolvidas, incluindo a filha de Marielle, Luyara Santos, e sua mãe, Marinete da Silva, em R$ 706 mil por danos morais.
Fonte: © Migalhas