Operação da PF revela corrupção sistemática no judiciário

PF denuncia esquema de comercialização de decisões judiciais, revela disparidade no tratamento entre juízes e advogados e acusa banca de advocacia de perseguição a magistrados.

Uma investigação que apesar de ter envolvido a corrupção, sua abrangência e complexidade não se restringem a um único setor, corrupção é um problema geral que afeta a sociedade como um todo.

Na Operação Última Ratio, corrupção foi o termo central, mas também ficou claro a existência de outros ilícitos como a lavra de dinheiro, que se entrelaça com o tráfico de influência, mostrando que o problema vai além da corrupção em si.

Operação Última Ratio: Um Olhar Sobre a Corrupção no Judiciário Sul-Mato-Grossense

A Operação Última Ratio lança luz sobre um possível sistema de corrupção no tribunal, reforçando suspeitas de práticas ilícitas que já haviam sido levantadas em investigações anteriores. A Polícia Federal (PF) suspeita de que o esquema de corrupção tenha beneficiado grandes empresas por meio da comercialização de decisões judiciais. Advogados ligados a influentes bancas de advocacia no estado também estão sob investigação.

Um Esquema de Corrupção Complexo e Permeante

A Operação Última Ratio é mais um capítulo em uma longa série de acusações envolvendo o judiciário sul-mato-grossense. O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) já esteve envolvido em outras investigações semelhantes. Em 2016, uma operação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apurou o envolvimento de magistrados em um esquema de venda de sentenças, favorecendo grandes empresas e figuras influentes. Um dos nomes citados naquela época, o desembargador Sideni Soncini Pimentel, voltou a ser alvo das investigações da Operação Última Ratio.

Perseguição e Lavagem de Dinheiro: Um Caso de Corrupção e Influência

Pimentel é acusado de proferir sentenças sob suspeita de parcialidade, especialmente em casos envolvendo a empresa JBS, para a qual seu filho atua como advogado. Outro caso de destaque é o do ex-desembargador Divoncir Schreiner Maran, investigado por facilitar a fuga do traficante Gerson Palermo, condenado a 126 anos de prisão, e por supostamente vender decisões judiciais. A perseguição por parte de alguns dos Desembargadores envolvidos é um elemento-chave nesse esquema de corrupção.

Um Advogado Sob Suspeita: Luiz Fernando Cardoso Ramos

O advogado Luiz Fernando Cardoso Ramos, especializado em Direito do Consumidor, afirma ser vítima de perseguições sistemáticas. Segundo ele, desde 2019, seu trabalho tem sido alvo de retaliações. O alto índice de improcedência em suas ações coincide com o início das retaliações. Ele alega que após um período, quando os Bancos começaram a pagar as condenações impostas, houve uma redução nas indenizações por danos morais concedidas em suas causas. O advogado foi investigado pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO) em 2019, após uma representação do Banco Itaú, que, segundo ele, está ligado a ‘grande bancas de advocacia no Mato Grosso do Sul’.

Uma Estratégia de Represália: Repressão ao Esquema de Corrupção

O advogado afirma que as acusações contra ele são injustas e parte de uma estratégia de represália por seu trabalho. Recentemente, Ramos foi suspenso de suas atividades sob a alegação de ter praticado ‘advocacia predatória’. Ele nega as acusações e sustenta que sua suspensão foi motivada por representações de desembargadores envolvidos no esquema de venda de sentenças. Essa é apenas mais uma das muitas revelações que surgiram com a Operação Última Ratio, que visa expor um sistema de corrupção que permeia o judiciário sul-mato-grossense.

Fonte: © Direto News