Saúde
Implantes: uma ameaça à saúde

Decisão tomada após discussão de especialistas sobre riscos do procedimento em relação a chamadas sociais, autoridades regulatórias e substâncias manipuladas.
Os implantes dentários são uma das invenções mais populares e, infelizmente, perigosas dos últimos anos. Com o objetivo de trazer um corpo de aparência jovial e em perfeito estado, muitas pessoas acabam se tornando vítimas de modismos danosos, idealizados pelas redes sociais, que acabam causando danos irreparáveis ao organismo.
A partir da última semana de novembro de 2022, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) adotou medidas rigorosas contra a venda de implantes dentários que, supostamente, ajudariam a realçar a beleza de seus usuários. Contudo, a ANVISA detectou que esses dispositivos não são seguros para a saúde, utilizando-se de _chips_ que poderiam causar sérios danos ao corpo humano. Infelizmente, esses produtos estão disponíveis no mercado nacional.
Implantes de Beleza: Uma Solução Perigosa para Anseios Sociais
A manipulação e comercialização de dispositivos, definidos como chips da beleza, têm sido alvo de intensa mobilização de sociedades médicas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a manipulação, comercialização e uso desses implantes, que prometem emagrecimento, definição muscular e melhora do humor sem sacrifícios. No entanto, esses dispositivos não passam de uma bomba de hormônios que aumenta o risco de ataque cardíaco, derrame, complicações renais e outros efeitos colaterais. Os dispositivos implantados logo abaixo da pele, que surgiram como solução perfeita para atender aos anseios amplificados pelas imagens de abdômen trincado, pernas torneadas e braços sequinhos compartilhadas na internet, escondem perigos.
A decisão da Anvisa aponta que não há comprovação de segurança e eficácia dos implantes para fins estéticos e de desempenho. Investigações em farmácias de manipulação que trabalhavam com essas substâncias começaram a ser realizadas em 2021 e uma inspeção em dezoito estabelecimentos em 2022 constatou diversos aspectos insatisfatórios na produção dos chips. A moda pegou, infelizmente, ao menos desde 2019, especialistas advertem para os males de aplicar hormônios em doses não testadas nem aprovadas para esses propósitos.
A base dos tratamentos é a mesma de boa parte dos esteroides anabolizantes, vetados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Entre os hormônios utilizados, destaca-se a testosterona, que abunda no corpo masculino e está associada ao ganho de músculos — não surpreende que as mulheres submetidas ao protocolo apresentem, como reações adversas, nascimento de pelos em locais indesejados, aumento do clitóris e alterações no tom de voz. Há ainda a gestrinona, hormônio considerado obsoleto para o tratamento da endometriose, mas que também caiu nas graças dos entusiastas.
Assim, com produtos elaborados à margem dos preceitos científicos, muitas pacientes saem das clínicas com um sonho de beleza e acabam nos consultórios médicos na tentativa de reverter os danos à saúde. O que a gente vê na rotina é um aumento na incidência de problemas cardiovasculares, na pele e no fígado de pacientes com esses implantes, diz o endocrinologista Clayton Macedo, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Ele é um dos coordenadores do Vigicom-Hormônios, plataforma lançada no mês passado que já catalogou mais de 250 relatos comprovados de efeitos colaterais em diferentes graus relacionados aos chips. Macedo acompanha, inclusive, um caso recente de uma paciente internada na UTI com edema cerebral causado por uma novidade nesse mercado: o chip de ocitocina, alardeado como opção para melhorar o humor. Também conhecido como ‘hormônio do amor’, ele é usado, com a devida recomendação, para indução do parto ou suporte ao aleitamento materno.
Mas não há estudos para essas outras finalidades. Em 24 horas, essa paciente entrou em coma e foi para ventilação mecânica, afirma o endocrinologista.
Fonte: @ Veja Abril