Finanças
Ibovespa, e o corte de juros: o que você precisa saber
Saldo do Dia: Ações de empresas em queda, setor privado com corte de juros em foco, dados que apontam risco fiscal.
Na sessão de ontem, o Ibovespa não seguiu em alta, o que era esperado por alguns economistas. A falta de notícias concretas sobre o ajuste fiscal foi um dos principais motivos para o desempenho negativo do índice. Mesmo assim, juros não foram os principais motivos para o baixo desempenho do mercado. Outros fatores contribuíram para a queda.
Depois de alguns dias de estabilidade, o Ibovespa experimentou um recuo significativo na sessão de ontem. A queda foi influenciada por vários fatores, incluindo as juros e a política monetária. O comitê de política monetária decidiu manter as políticas monetárias, o que causou uma reação nos bancos centrais. Além disso, a eleição prévia também contribuiu para a instabilidade dos mercados.
Repercussão dos juros sobre o mercado financeiro
A volatilidade dos juros, que tem sido um dos principais fatores de grande impacto no mercado de ações, não pôde manter o índice Ibovespa em um patamar positivo, apesar da queda significativa na taxa de juros. As ações de empresas que operam no setor doméstico, como varejistas e incorporadoras, não conseguiram aproveitar a queda de juros, permanecendo na faixa de queda de 0,07% e atingindo o valor de 130.639 pontos. Outubro já está se encaminhando para ser o outro mês em terreno negativo, com uma queda de 0,89%. O Ibovespa acumula uma perda de 2,64% no ano.
A negociação financeira na bolsa foi bem baixa, com um total de R$ 12,8 bilhões em negociações das 86 ações do Ibovespa. Isso está abaixo da média diária de R$ 16,5 bilhões, calculada com base nos últimos 12 meses.
Juros e queda de ações
No exterior, o panorama é de cautela, com base nos dados que indicam que a economia dos Estados Unidos ainda está forte. Isso poderia limitar os cortes de juros que o mercado espera em reuniões do Federal Reserve. Os investidores estão atentos aos balanços das gigantes de tecnologia, aguardando os resultados para rever suas posições em papéis.
A preferência atual é por ativos mais seguros, como renda fixa, o que elevou os juros do país. Nesse tipo de contexto, o dólar tende a aumentar seu valor em relação ao real. A realocação dos recursos para títulos americanos faz a moeda se tornar mais procurada e subir, mas isso é um contrassenso para os ativos brasileiros. No entanto, os comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foram bem recebidos e atenuaram a desvalorização da nossa moeda.
O dólar americano manteve-se estável, a R$ 5,76, o maior patamar de negociação em três anos e meio. O dólar acumula alta de 18,77% no ano e de 5,81% no mês.
Cortes de juros e impacto no setor privado
A semana está cheia de indicadores econômicos nos EUA. Hoje, o relatório ADP mostrou que o setor privado dos Estados Unidos criou 233 mil vagas em outubro, muito acima do consenso de 159 mil. Já o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 2,8% à taxa anualizada no terceiro trimestre, abaixo do consenso de 3,1% e dos 3% registrados no segundo trimestre. Os dados enviam sinais mistos e mantêm as dúvidas sobre o ritmo de corte de juros que o BC americano deverá adotar.
Na sexta-feira, será divulgado o principal relatório do mercado de trabalho dos EUA, o payroll. Antes disso, serão apresentados a inflação ao consumidor, o número de pedidos de seguro-desemprego, renda pessoal e gastos com consumo. Tudo isso na semana que antecede as eleições presidenciais do país e a reunião do comitê do banco central que decide os rumos da política monetária.
Juros e pacotes
Até ontem, o mercado alimentava esperanças de que o pacote viria ainda esta semana, imediatamente após as eleições municipais, e seria algo em torno de R$ 30 bilhões. Mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez questão de salientar que não é bem por aí. O petista negou que houvesse data para o anúncio de medidas, tampouco cifras para o enxugamento de gastos, um movimento que, segundo ele, sequer pode ser chamado de ‘pacote’. Hoje, o tom foi outro, mais otimista e até antevendo uma data, ao dizer que uma semana após as eleições, o governo irá apresentar um pacote de medidas para reduzir o déficit público.
A política monetária está em discussão, e os investidores estão atentos às reuniões do comitê do banco central para saber como as eleições e os rumos da política econômica afetarão as decisões sobre juros.
Fonte: @ Valor Invest Globo