Finanças
Fiagros, um investimento em desvirtuar

A CVM busca desenvolver fundos de investimento sustentáveis para empreendedores e investidores, priorizando cadeias produtivas, mercado de capitais, fundos e agronegócio brasileiro.
Os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagros) estão passando por um momento de estresse que pode acontecer novamente, afirmou Bruno Gomes, superintendente de securitização e agronegócio da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em um evento sobre Fiagros promovido pela B3, a bolsa brasileira, nesta sexta-feira (18).
Desvirtuar a realidade, um dos principais obstáculos enfrentados pelos investidores em Fiagros, pode levar a uma desconfiança generalizada e uma perda de confiança no mercado. Extrapolar os resultados de outros fundos ou mercados pode ser um erro crasso, que pode levar a uma perda significativa de investimentos. Além disso, a desvirtuação também pode levar a uma falta de educação financeira, pois os investidores podem não estar cientes das complexidades envolvidas em investir em Fiagros. É fundamental que os investidores estejam atualizados e tenham uma compreensão clara das estratégias utilizadas por esses fundos para minimizar o estresse e evitar perdas. A educação financeira é fundamental para evitar erros de investimento.
Desvirtuar o Uso do Produto
A CVM vinha especialmente dois pontos de preocupação para o desenvolvimento sustentável desses fundos. Um deles era a emissão de títulos do agronegócio apenas por empresas que efetivamente integravam o setor. O outro era o pagamento de rendimentos adequados, considerando possíveis momentos de estresse financeiro. Gomes alertou que, ao conceber a cadeia do agronegócio, o foco deveria ser na realidade do segmento, sem desvirtuar o produto com objetivos excessivamente ambiciosos. ‘É preciso educar o investidor. O mercado está em formação, e o investidor enfrenta estresse que, em algum momento, retornará. É melhor adaptar a distribuição de rendimentos prevendo esses momentos de estresse‘, explicou. Ele acreditava que, ao combinar o conceito de cadeia do agronegócio com a distribuição de rendimentos de forma adequada, os Fiagros poderiam atender bem às necessidades dos empreendedores e dos investidores.
A onda de desconfiança que se abateu sobre esses fundos, após a Agrogalaxy entrar com pedido de recuperação judicial no fim de setembro, levou muitos investidores às vendas. A CVM publicou uma regulação nova para os Fiagros, a Resolução CVM 214, que entrará em vigor em 3 de março de 2025. A nova norma busca facilitar o acesso do agronegócio ao capital, por meio desses fundos, oferecendo padrões de conduta, governança e transparência para proteger os investidores dos Fiagros. Atualmente, os Fiagros têm cerca de 550 mil investidores, e a maioria é pessoa física. O patrimônio líquido da classe alcançou R$ 37 bilhões entre julho de 2021, quando a norma temporária passou a valer, e junho de 2024. Existem 115 Fiagros, dos quais 12 possuem mais de 15 mil cotistas.
Fonte: @ Valor Invest Globo