Saúde
Entre vírus e guerras: o que é morrer hoje em dia?
Diálogos sobre “A peste” em tempos de pandemia e guerra, trazendo reflexões sobre finitude, valor da vida e desigualdades. Livro de Albert Camus serve de base para meditar sobre catástrofe, tirania e experiência.
Este livro é um cronograma de catástrofes, desdobrando-se em tragédias sem precedentes, desde o primeiro lockdown da pandemia até a invasão da Ucrânia por Vladimir Putin, que revelou a finitude das grandes potências.
Amparado por morte, o livro nos leva a morte, revelando a complexidade das narrativas já construídas e a maneira como elas são usadas para influenciar o acaso, com o objetivo de morte de ideologias e de representações.
Desmoronando a ilusão de unidade global
Enquanto mergulhamos nas páginas de reflexão, a invasão da Ucrânia desencadeia uma guerra devastadora no coração da Europa, desmantelando a falácia de que o mundo está unido contra a morte desnecessária. Essa união era um mito alimentado pelo privilégio e cegueira ocidentais, como demonstram as guerras em continentes menos visíveis, como o Iêmen, Síria e Etiópia. Um dos aspectos mais desafiadores destes últimos anos foi conciliar a inédita solidariedade global em resposta à pandemia com as desigualdades emergentes na vida pública, revelando a vulnerabilidade brutal de subalternos, marginalizados, oprimidos e pobres.
A pandemia atacou como uma força da natureza, mas sinalizou até que ponto a natureza é um jugamento submisso aos caprichos humanos. Com a violência russa aumentando dia após dia, o mundo encara uma tirania de Estado megalomaníaca, que proclama sua capacidade de destruir o planeta. Continua…
A peste: enfrentando a morte em nosso tempo
Quando a violência assume a forma de tanques nas ruas, não podemos mais atribuí-la aos céus. A guerra é capaz de destruir qualquer ilusão de que a morte é de alguma forma aleatória e isenta de cálculo humano. Ao contrário, a morte está nas mãos da autoridade legal a que recorremos para refreá-la. Na verdade, ela sempre nos espreita, sendo a evidência mais contundente de arranjos sociais injustos, uma prerrogativa do Estado e uma advertência em relação aos limites do poder humano.
Como você lida com a morte (e a finitude) quando não é mais possível confiná-la aos limites de sua experiência de vida e extirpá-la de sua consciência? Como convive com a morte, ou melhor, como ‘vive a morte’ — formulação que à primeira vista pode parecer um desafio à inteligibilidade —, quando ela se aproxima demais, impregnando o ar que você respira? No que virá a seguir, ‘viver a morte’ aparecerá como uma espécie de refrão, um lembrete de que imaginá-la como acaso, ou como intrusa que pode ser evitada na organização de nossas vidas, especialmente no Ocidente, é um ato de resistência condenado ao fracasso. Continua…
Limites da experiência e da consciência
Talvez apenas ao admitir os limites humanos iremos parar de nos vangloriar da ilusão vulgar de ter um poder terreno, como se possuíssemos o mundo em que vivemos. Com o reconhecimento de tais limites, o mundo talvez possamos começar a entender melhor como a morte é uma experiência compartilhada pela humanidade. Ao longo desse livro, vamos explorar como a morte se apresenta não apenas como destino inevitável, mas também como um processo que permeia todas as dimensões da existência humana, refletindo as desigualdades sociais, econômicas e políticas que caracterizam o mundo contemporâneo.
O livro explora como a morte é rejeitada e manipulada em nossa sociedade, além de como a catástrofe climática e a guerra revelam a vulnerabilidade humana. O texto apresenta reflexões filosóficas e pessoais sobre a morte e a finitude, destacando a importância de reconhecer os limites humanos para viver melhor. Ao longo das páginas, a autora reflete sobre a relação entre a morte, a solidariedade e a experiência humana, argumentando que a finitude é um aspecto constitutivo da existência humana. Continua…
Experiência humana e finitude
A autora destaca a importância de reconhecer os limites humanos para viver melhor, argumentando que a finitude é um aspecto constitutivo da existência humana. Ao longo do livro, a autora explora como a morte é rejeitada e manipulada em nossa sociedade, além de como a catástrofe climática e a guerra revelam a vulnerabilidade humana. O texto apresenta reflexões filosóficas e pessoais sobre a morte e a finitude, destacando a importância de reconhecer os limites humanos para viver melhor. Continua…
Reconhecendo os limites humanos
Ao longo das páginas, a autora reflete sobre a relação entre a morte, a solidariedade e a experiência humana, argumentando que a finitude é um aspecto constitutivo da existência humana. A autora destaca a importância de reconhecer os limites humanos para viver melhor, argumentando que a finitude é um aspecto constitutivo da existência humana. Ao longo do livro, a autora explora como a morte é rejeitada e manipulada em nossa sociedade, além de como a catástrofe climática e a guerra revelam a vulnerabilidade humana. Continua…
Fonte: @ Veja Abril