Negócios
Brasil, Argentina e EUA: um retrato econômico atualizado
Pacote de gastos sociais e fiscais do governo envia sinais errados ao mercado, afastando investimento estrangeiro, enquanto novo presidente americano prepara redesenho do comércio global, impactando investimentos e seguros.
Em meio à crise fiscal que assola o Brasil, o governo decidiu implementar um pacote de cortes de despesas para tentar equilibrar a folha de pagamento, mas essa medida parece ter sido um passo em falso. Ao anunciar uma isenção fiscal para quem ganha até R$ 5 mil por mês, o governo enviou um sinal equivocado ao mercado, agravando ainda mais a crise fiscal, que já é um dos principais desafios do país.
Ao afastar o capital estrangeiro, o governo não só perde uma oportunidade de atrair investimentos, como também se distancia de uma solução para a crise fiscal e econômica, que já está começando a se refletir em uma crise financeira cada vez mais crítica. Com pelo menos US$ 9 trilhões de liquidez à espera de portos seguros para investimentos, o Brasil perde uma chance de se tornar atraente para esses recursos, comprometendo ainda mais a sua capacidade de superar a crise. A falta de clareza no rumo do país também afasta investidores estrangeiros.
Crise fiscal: um alerta do mercado
O economista espanhol Alex Fusté, responsável pelo Andbank, grupo financeiro com presença em 11 países e R$ 210 bilhões sob gestão, advertiu sobre os riscos de uma crise fiscal na América do Sul, destacando a política fiscal expansionista adotada pelo governo brasileiro durante o mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Fusté, essa política não é, em si, um entrave, mas sim o uso desses grandes gastos em políticas com pouco retorno econômico ou financeiro.
Crise econômica na União Europeia
A situação da União Europeia também é considerada preocupante por Fusté, que vê a pressão da crise fiscal da França e econômica da Alemanha como um desafio para o bloco. Ele afirma que a União Europeia não assinará um tratado de livre comércio com o Mercosul, apesar das negociações que duram duas décadas, devido às diferenças importantes entre os setores agrícolas franceses e o Mercosul.
Despesas, investimentos e políticas fiscais
Fusté destaca que os países nórdicos investem significativamente em gastos sociais, e suas economias funcionam bem. No entanto, ele crê que o problema é o uso desses gastos em políticas com pouco retorno econômico ou financeiro. O economista também critica a política de contração fiscal adotada pelo argentino Javier Milei como um exemplo de sucesso, que reduziu pela metade o custo de financiamento do governo argentino e aumentou as reservas internacionais.
Expectativas do novo governo americano
Fusté expressa que não crê na adoção de uma política linear americana de tarifas de importação e sim de tarifas aplicadas a alguns países para alcançar determinados objetivos políticos. Ele afirma que os países mais visados serão aqueles que não praticam economia de mercado e recorrem a subsídios que desequilibram a competição, como a China. O economista também critica o ‘receio exagerado’ da política tarifária de Trump e o risco de sobretaxação de tarifas para os países que não atenderem a certas normas do mercado livre.
Situação da União Europeia e do Mercosul
Fusté alerta para a situação da União Europeia, pressionada pela crise fiscal da França e econômica da Alemanha. Ele afirma que a União Europeia não assinará um tratado de livre comércio com o Mercosul, devido às diferenças importantes entre os setores agrícolas franceses e o Mercosul. O economista também destaca que o tempo necessário para a assinatura do tratado pode demorar.
Crise fiscal: consequências para o Brasil
A situação fiscal atual do Brasil é considerada preocupante por Fusté, que vê a necessidade de um discurso claro para a sociedade e outro para o mercado. Ele afirma que o governo precisa enviar sinais corretos ao mercado, deixando claro que o risco de desordem macroeconômica é remoto ou improvável. O economista também critica o desentendimento do governo brasileiro com o mercado, citando a crise de 2016 com a presidente Dilma Rousseff.
Fonte: @ NEO FEED