A tempestade digital da desinformação

Cid Pitombo, cirurgião bariátrico, alerta sobre a internet como ambiente para confundir a saúde pública, permitindo a disseminação de informações falsas sobre alimentação, exercícios e perda de peso, através de redes sociais, plataformas e fotos instantâneas, fenômeno da desinformação, ambiente de manipulação.

A desinformação é uma ameaça constante à sociedade moderna, e é preciso estar atento para não cair em armadilhas. A propaganda enganosa é uma ferramenta poderosa nas mãos da manipulação, e a difusão de fake news pode ter consequências graves.

Ao analisar a evolução do mundo digital, é possível perceber como a desinformação se tornou uma praga. Com o surgimento da internet, a disseminação de informações se tornou facilitada, e o achismo começou a ganhar força. O problema é que, além de ser perigoso, é também difícil de ser combatido. A manipulação pela mídia é uma questão delicada, pois afeta a percepção das pessoas sobre o mundo ao seu redor. As consequências do uso indevido da desinformação podem levar a uma sociedade mais polarizada.

Lesão Digital: O Pecado Original da Era da Desinformação

O velho ditado ‘quem não tem, não dê branco’ encontra seu paralelo na era moderna, onde o slogan ‘quem não é caçador, não pode ser pescado’ é cada vez mais comum. Com o iPhone e as redes sociais, a revolução nos hábitos digitais já havia se tornado um fato consumado. A internet, supostamente uma rede interligada de informações, na verdade se transformou em uma rede de pesca, onde nos encontramos presos e desconectados do mundo real.

O Instagram, uma das plataformas de mídia social mais populares, inicialmente foi criado para compartilhar fotos instantâneas. No entanto, logo percebeu o seu potencial de alcançar um amplo público e se transformou em uma ferramenta multifuncional, permitindo que as pessoas se conectem e compartilhem interesses semelhantes. Mas, por trás disso tudo, existe uma rede de manipulação e confusão que nos leva a acreditar que tudo isso é o melhor para nossa vida e a das nossas famílias.

Nesse ambiente da desinformação, estamos sendo constantemente pescados pela rede de fake news e influenciadores que querem ganhar seguidores e dinheiro. É cada vez mais difícil para nós médicos e profissionais de saúde lutar contra esse fenômeno, pois a balança entre informação correta e científica e o que não passa de achismo ou marketing está completamente desequilibrada. O que não tem embasamento, mas tem engajamento, pesa mais. A credibilidade do influenciador ou profissional está ligada ao seu número de fãs, e quanto maior esse número, mais ele ganha confiança. O paciente fica preso a essa rede e, para agravar a situação, sente-se seguro nela. Números de likes valem mais do que ciência.

Esse fenômeno da desinformação tem causado um dano imenso à prevenção e ao tratamento das doenças. Nós, entidades médicas, agências reguladoras e órgãos governamentais, estamos deixando essa tempestade ser formada na nascente do rio e, quando ela chegar às cidades, não teremos condições para controlar os estragos. É hora de reconhecer essa tempestade como um problema a ser enfrentado, assim como as mudanças climáticas.

Fonte: @ Veja Abril