Tecnologia
A rede social X: como usuários dela ganham milhares de dólares espalhando fake news em torno da eleição nos EUA.
Contas em redes pró-Trump e pró-Harris compartilham publicações com teorias de conspiração do X e desinformação eleitoral.
Num mundo onde a informação correta é cada vez mais rara, plataformas de rede social como o X (antigo Twitter) se tornam um terreno fértil para a propagação de desinformação eleitoral, imagens geradas por inteligência artificial (IA) e teorias de conspiração infundadas.
Mesmo assim, alguns usuários que se aproveitam dessa situação, compartilhando esses conteúdos e ganhando milhares de dólares, alegam que estão apenas explorando a natureza da rede social. Essa visão pode parecer legitima, mas o impacto desse tipo de conteúdo pode ser devastador nas eleições. Com a capacidade de atingir milhões de pessoas com facilidade, esses usuários estão potencialmente comprometendo a saúde democrática do país.
Redes sociais e lucro
A inteligência artificial identificou redes sociais complexas compostas por dezenas de contas que compartilham conteúdo uma das outras várias vezes por dia, incluindo uma mistura de material verdadeiro, infundado e falso. Afinal, essas redes sociais têm como objetivo aumentar seu alcance e, portanto, a receita na plataforma. Os usuários envolvidos afirmam que os ganhos de suas próprias contas e de outras contas variam de algumas centenas a milhares de dólares. Além disso, eles coordenam o compartilhamento das publicações uns dos outros em fóruns e bate-papos em grupo, declarando que "é uma forma de tentar ajudar uns aos outros". Essas redes sociais apoiam tanto Donald Trump quanto Kamala Harris, e algumas são independentes. Muitas dessas contas – que dizem não estar ligadas a campanhas oficiais – foram contatadas por políticos dos EUA, incluindo candidatos ao Congresso, em busca de postagens de apoio.
Rede social e contas certificadas
Em 9 de outubro, o X alterou suas regras para que os pagamentos feitos para contas certificadas com alcance significativo sejam calculados de acordo com a quantidade de engajamento de usuários premium, incluindo curtidas, compartilhamentos e comentários. Isso é em vez do número de anúncios em suas postagens. Muitas plataformas de rede social permitem que os usuários ganhem dinheiro com suas postagens ou compartilhem conteúdo patrocinado. No entanto, elas geralmente têm regras que permitem desmonetizar ou suspender perfis que publicam desinformação. O X não possui diretrizes sobre desinformação nos mesmos moldes, o que levanta questionamentos sobre se o X está incentivando os usuários a publicar alegações provocativas, sejam elas verdadeiras ou não, em um momento altamente sensível para a política dos EUA.
Rede social e publicações enganosas
A BBC comparou os ganhos aproximados informados por alguns desses usuários do X com o valor que se esperaria que eles ganhassem, com base no número de visualizações, seguidores e interações com outros perfis, e concluiu que eles eram confiáveis. Entre as publicações enganosas compartilhadas por algumas destas redes de perfis, estavam alegações sobre fraude eleitoral que haviam sido refutadas pelas autoridades, e alegações extremas e infundadas de pedofilia e abuso sexual contra os candidatos à presidência e vice-presidência. Algumas postagens enganosas e falsas que se originaram no X também se espalharam para outras plataformas de rede social com um público maior, como Facebook e TikTok. Em um exemplo, um usuário do X com poucos seguidores criou uma imagem adulterada que pretendia mostrar Kamala Harris trabalhando no McDonald’s quando jovem, e outros usuários divulgaram alegações sem provas de que o Partido Democrata estava manipulando imagens da sua candidata. Teorias de conspiração infundadas do X sobre a tentativa de assassinato de Donald Trump, em julho, também foram propagadas em outros sites de rede social.
Fonte: © G1 – Tecnologia